segunda-feira, 28 de setembro de 2009

O Musê Ragional do Algarve

Arresolvi-ma ir assomar-me esta tarde ò Musê Ragional do Algarve, im Faro - o Musê Etnográfico, cume eles o lévom. Ê tinha ide lá uma vez, condo era moçqueno, iste já há ele uns pouques d'anes, manêras que já na ma alimbrava de cousíssema denhuma. Cudim amecêas que nim tampouque dádonde se antrava sabia eu...

Aprviti, tá claro pa tirar per lá uns retratos. Ma cume nã trusse a máiquena fetegráfica nã fcou nada de jêto: tive que ma dsinrascar cum o telémovle. Im inde ê lá ôtra vez a prepósetes e cum más vagar, hê-de fazer melhor sarviço. Pranti aqui uma manchinha delas, ma iste é só premode amecêas terim uma idéa do que per lá se vê.

É um síto piquenalho ma munte bem injarocado, ádonde a famila pode incuntrar de tude, cume havia intigamente: carroças, albardas, piderocalhos, cântaros, cortiços, imprêtas, cêstos e quintás, rôpas e frapilhas cume se usava, casas à manêra da regiã, barcos e téquenecas de pesca e más uma remessa de outras bagajas que só im ver parece a gente que anda às arrécuas no tempe!

Ora, estas purmêras sã dum quarte algravio que eles lá montarem. Tá munte bêm fêto, nã haja duivda. Inté parece même de vardade!




Esta agora é da casa do fôgue. Inté prantaram uma velha lá de roda e tude!


O forno de quezer o panito.


Iste cude ê que seja o alpendre.


A venda, cum o tocador de consertina à antrada.




E a casa de Olhão, cum o pescador más a mulher de bioco.

domingo, 20 de setembro de 2009

ABALARÊ MÁS TU (CON TE PARTIRÒ)

Pranto aqui oije más uma tradeçã duma modinha qu'ê cude qu'amecêas quenhecim bem.
Há uns anes soava aí per tode o lado e a famila gabava munte o home. A moda é de Francesco Sartori, a pousia de Lucio Quarantotto e quim canta é Andrea Bocelli - qu'amecêas ã-de tar alimbrados - um home cego ma cum uma groja de arrepelar a gente.
Da modinha cude ê que amecêas gostim, agora vâme lá a ver sa tradeçã tamém dá arge a alguma cousa...




ABALARÊ MÁS TU

Condo tou só
Sonhe àdonde alcanço a ver
E mingam as palavras,
Sim, ê sê que nã há luz
Num quarto condo falt'ò sol,
Se nã nes vêjo tu más eu, tu más eu.
Assomada ò pestigo
Amostra à famila toda o mê coraçã
Que tu alumiaste,
Fêcha dentre de mim
A luz cum que foste dar aí na xtrada.

Abalarê más tu.
Terras qu'ê nunca
Havia viste e tado más tu,
Agora sim, as ê-de ê xmintar.
Abalarê más tu
Im navis per mares
Que ê sê,
Nã, nã, já nã existem,
Ê vou xmentá-los más tu.

Condo tás desviada de mim
Sonhe àdonde alcanço a ver
E mingam as palavras,
E sim, ê sê
Que tu tás más eu, más eu,
Tu nha lua, tu tás aqui más eu,
Mê sol, tu tás aqui más eu,
Más eu, más eu, más eu.

Abalarê más tu
Terras qu'ê nunca
Havia viste e tado más tu,
Agora sim, as ê-de ê xmintar.
Abalarê más tu
Im navis per mares
Que ê sê,
Nã, nã, já nã existem,
Ê vou reviver neles más tu.
Abalarê más tu
Im navis per mares
Que ê sê,
Nã, nã, já nã existem,
Ê vou reviver neles más tu.
Abalarê más tu.
Ê más tu.


[CON TE PARTIRÒ
F. Sartori / L. Quarantotto

Quando sono solo
Sogno all’orizzonte
E mancan le parole,
Si lo so che non c’è luce
In una stanza quando manca il sole,
Se non ci sei tu con me, con me.
Su le finestre
Mostra a tutti il mio cuore
Che hai acceso,
Chiudi dentro me
La luce che
Hai incontrato per strada.

Con te partirò.
Paesi che non ho mai
Veduto e vissuto con te,
Adesso si li vivrò,
Con te partirò
Su navi per mari
Che, io lo so,
No, no, non esistono più,
Con te io li vivrò.

Quando sei lontana
Sogno all’orizzonte
E mancan le parole,
E io sì lo so
Che sei con me, con me,
Tu mia luna tu sei qui con me,
Mio sole tu sei qui con me,
Con me, con me, con me.

Con te partirò.
Paesi che non ho mai
Veduto e vissuto con te,
Adesso si li vivrò.
Con te partirò
Su navi per mari
Che, io lo so,
No, no, non esistono più,
Con te io li rivivrò.
Con te partirò
Su navi per mari
Che, io lo so,
No, no, non esistono più,
Con te io li rivivrò.
Con te partirò.
Io con te.]

sexta-feira, 11 de setembro de 2009

...E o Tiátaro cantinua!

Ora cá vai más um blego do tiátaro do Sô Mairo, que se amecêas tã alimbrados, ê comeci a prantar aqui no princípo de Julhe, e inda nã no di acabado. Calhando tamém inda na é desta. Cudo que levará inda más uma pagela... Béque-me a famila na tem ligado munta importâinça a iste, ma nã comprendo mode quê, ca xtóirinha inté leva jêtes...
Ora atã, àdonde é ca gente ia?


Héldaro - Ò mnha mãe, a gente trazémos ali uns pêxes qu'ê vou bscar pa amecêa amanhar.

D. Jaquina - Ò home! Atã tinhas alguma míngua de vir cá cum pêxe atrás?

Héldaro - Ê pensê co mê pai tevesse a dstilar e assim aprevitava-se e assava-se no forno da caldêra.

D. Jaquina - Este ano quaj que nã houve madronhos. Nã choveu.
E os pouques qu'ele panhou tá tude mirrado.

Ti Flezberto - Ê tava pinsando im dstilar uma manchinha deles despôs do mi-dia. Desse jêto, pode-se acinder já a caldêra e assa-se logue os pêxes po almoço. Bem visto, sim senhor.

(fica só a D. Jaquina a amanhar os pêxes e o Ti Flezberto a tratar do forno mode cozer o pão. Logue co pão teja no forno, ele vai-se imbora tamém)

- Bom, o panito já tá quezendo, vô-ma pó alminzém acinder a caldêra.

(Cunforme ia a sair, dá de ventas cum o carro da filha, a chegar)

- Olha, a nossa Casemira vem chegando.

D. Jaquina - O Edegairo vêo tamém?

Ti Flezberto - Ê só lá vêjo o gaieto.
Ai moço marafado! Cum que irá ele empencer desta vez?

D. Jaquina - Da últema vez que cá teve, soltou os bácros todes.
Da outra jogou cum o pato pa drento da ceterna. Só visto!

(Antra a mãe más o filho, a garrear)

Casemira - Já ta disse que nã tenho!
Vai mas é dar um bêjo à tua avó más ò tê avô.

(Fala ò pai)

Sérjo - Põs tamém na dô. (e fica de melão)



Casemira - Dêxa tar qu'ê logue digue ò tê pai.

(Fala à mãe)

D. Jaquina - Tás boa, filha?

Casemira - Ê tô. E amecêa, nha mãe?

D. Jaquina - Olha, praqui vô, mailo tê pai. Cada vez más velhotes.
Atã e o tê Edegairo? Nã vêo?

Sérjo - O mê pai tá de sarviço. Só vem à noite.

D. Jaquina - Ah, atã é per isse que vens tã rabalão...

Casemira - Ele ficou de vir cá ter. Vem na bceclete a motor.
Atã e o mê irmão? Qu'é dele?
Já vi o carro ali fora.

Ti Flezberto - Foram praí ver a bcharada.

Casemira - De quim é o outro transporte que tá ali fora?
Um cum matrícla francesa?

Ti Flezberto - É da Cesaltina do Antóino da Carriça.

Sérjo - Atão o Mathieu tá cá?

D. Jaquina - Ah, já falas? Venha já dar um bêjinho à sua avó.

(O Sérjo vai falar òs avoses)

Ti Flezberto - Assim é que é. (Abraça-o)
Anda já más eu e vames assomar-se ali àdonde eles tão.

(e vão ter cum os outres)

Casemira - Já na sei que faça a este moço.
Chego inté a pinsar que nã é mê filho.

D. Jaquina - Ai mãe santíssema! Nã digas uma cousa dessas, filha. Nim de veras, nim brincando. Atã que jêtes o moçqueno nã nã ser teu?

(Antra a Mari Benta)

Mari Benta - Adês Casemira. Tás boa, moça? (Falam-se)

Casemira - Olá, tia. Cume é que vai essa saúde?

Mari Benta - Olha, praqui vou indo, come Dês quer.
Dêxa-me lá ver s'o panito já tará cozido.

(Começa a tirar o pão do forno, inquante vão antrando os que tavam lá fora e falam à Casemira)


E prantes! A ver se tenho jêtes de vir cá outre dia, prantar más um padacinho.
Agora, per uns tempes sou capaz de nã ter vagar de passar per cá. Ma cude que, d'oije a quinze dias, já ha-de pingar cá más quajquer cousinha!
Inté, pessoal! Saudinha!