sexta-feira, 21 de agosto de 2009

Vistas e pasajas do nosse Algarve

Oije, im lugar de lambareada, vou-ma prantar quatre vidos do Algarve. Ele amostram imajas duma remessa de sítos que sã uma beleza! Même im tandim essas cousas aqui ó rés da gente, a famila parte das vezes ou na quenhecim ou já na se alembrem... O purmêro, fui dar cum ele antredia no blogue Turismo Algarve , os outres andi ê à pregunta no iutube. Inda se vê por i munta maltinha a gabar a gente. Más, inté, ca famila da regiã... Ma ê cá na me dêxo jmorcer! Atã cá vai! Aspero que ves cunsole.







domingo, 16 de agosto de 2009

Pousia

Esta é a nha purmêra pousia im algravio. Arresolvi-me a xmentar tirar uns versos na nossa benita fala, a ver se isto dá arge a alguma cousa... Se desta vez na levar jêto, pa próxma melhor há-de fcar. É pciso é ir inçando.
Atã, vã-me lá a ver!



POUSIA PURMÊRA

Dou per mim, parte das vezes,
De rojo no mê soalho;
Tude à roda é tã grande
E ê vêje-me piquenalho.

Nã tenhe idéa ò que vou,
Nim tampouque de quim seja.
Ma ca rai face ê no mundo?
Viver dá-me im bretoeja...

Ninguém ma procurou nada,
Condo ma prantarem aqui.
Mode quê tarê ê, atã,
De fazer fenezas por i?

Atento assim o juízo
Inté quaj fcar tramouco;
Na se me desarreda da idéa
Que Dês anda a fazer pôco!

Intre mê tanta famila
Sará caso nã haver
Uma manchêa a dar-lhe rabeada
Más ê, mode este viver?

Condo a vida anda às abarcas
Ca té dá marafação,
Só aptece é arrulhar:
- Tá o mar fêto num cão!

Ma é nesta ladêra, à raboleta,
Que nes pedim pa andar;
Na ravinhem adespôs
Da famila só impar...

Cá pra mim, mêmo qu'ê cude
Qu'isto na leva sintido,
Na tenhe à vonde cum viver
Seja ou nã tempe perdido...

Antóino Rebêro

sexta-feira, 14 de agosto de 2009

O RÊ VÁ DIM PLÃO (O REI VAI NU)

Arresolvi-me a prantar esta tarde más uma tradeçã da fala pretuguêsa pó algravio. É uma xtóirinha já intiga qu'é quaj certo c'amecêas conhecim e qu'ê fui-ma bscar ò Incursons.
Atã tomem lá per conta, a ver se leva jêto ou nã.

O RÊ VÁ DIM PLÃO
(xtóira tradecinal pretuguêsa)

Era uma vez um rê munte maniento e que gstava de andar tode impinocado.
Certo dia, achegaram-se ò pé dele dôs trafulhas que le fezeram esta cunversa:
- Mastade, a gente tem cnhecemente c'amecêa faz gosto im andar simpre luxuoso - nim há pai p'amecêa; e bem o murece! A gente fomes dar cum uma frapela munte benita e duma tal categoria cos brutos na sã capazes da ver. Cum uma vestementa dessas Vossa Mastade alcançará a dstinguir a famila esperta dos brutos, alarves e gazeados, que na hã-de prestar pa tar na corte d'amecêa.
- Ah, ma isse é uma escoberta qu'e um xpanto! - acudiu o rê. Tragam lá essa frapela e façam-me a vestementa; tou djando de ver a categoria de gente qu'ê tenhe ò mê sarviço.
Os dôs homes tirarem as medidas e, umas semanas despôs, apresentaram-se ò rê a dzer:
- Aqui tá a vestementa de Vossa Mastade.
O rê nã via nada, ma come nã queria passar por bruto, acudiu:
-Ah! Mete cobiça!
Atã, os dôs trafulhas fezérum de conta que no tavam a vestir, cum mesuras
e gabadelas:
- Amecêa tá tã bêm arrenjado! Todes ficarã à inveja!
Come na havia famila na corte que quezéssem ser levados de brutos, todes deziam ca vestementa era uma beleza. O rê até dava arge a um dês!
A notiça correu toda a cedade: o rê tinha uma farda que só os espertos tinham alcance pa ver.
Certo dia, o rê arresolvê-se a sair, mode s'amostrar à famila.
A famila toda gabava a vestementa, mode ninguém querer passar per bruto, inté que, a certa parte, um moçqueno, na sua inecêça, brádou:
-Olha, olha! O rê vá dim plão!
Foi um pagode! Carcachada giral. Só pr'essa ora é co rê le discorreu que le tinham armado a parte.
Inrrascado e repêso da sua asnidade, fugiu pa s'incafuar no paláiço.


[O Rei vai Nu
(Conto Tradicional Português)

Era uma vez um rei muito vaidoso e que gostava de andar muito bem vestido.
Um dia vieram ter com ele dois trapaceiros que lhe falaram assim:
- Majestade, sabemos que o senhor gosta de andar sempre muito bem vestido - bem vestido como ninguém; e bem o merece! Descobrimos um tecido muito belo e de tal qualidade que os tolos não são capazes de o ver. Com uma roupa assim Vossa Majestade poderá distinguir as pessoas inteligentes das tolas, parvas e estúpidas que não servirão para a vossa corte.
- Oh! Mas é uma descoberta espantosa! - respondeu o rei. Tragam já esse tecido e façam-me a roupa; quero ver as qualidades das pessoas que tenho ao meu serviço.
Os dois homens tiraram as medidas e, daí a umas semanas, apresentaram-se ao rei dizendo:
- Aqui está a roupa de Vossa Majestade.
O rei não via nada, mas como não queria passar por tolo, respondeu:
- Oh! Como é bela!
Então os dois aldrabões fizeram de conta qua estavam a vestir a roupa com todos os gestos necessários e exclamações elogiosas:
- O senhor fica tão elegante! Todos o invejarão!
Como ninguém da corte queria passar por tolo, todos diziam que a roupa era uma verdadeira maravilha. O rei até parecia um deus!
A notícia correu toda a cidade: o rei tinha uma roupa que só os inteligentes eram capazes de ver.
Um dia o rei resolveu sair para se mostrar ao povo. Toda a gente admirava a vestimenta, porque ninguém queria passar por estúpido, até que, a certa altura, uma criança, em toda a sua inocência, gritou:
- Olha, olha! O rei vai nu!
Foi um espanto! Gargalhada geral. Só então o rei compreendeu que fora enganado. Envergonhado e arrependido da sua vaidade, correu a esconder-se no palácio.]

domingo, 9 de agosto de 2009

Anadota

Oije vou-ma cuntar-ves uma parte cum co mê ti se saíu esta tarde, cando tava más eu, e ca mim me dê munta festa. Béque-me a xtóirinha leva jêto.
Atã é assim:


Andava um pretuguês por i, num povo quajquer desse Algarve, à pregunta duma venda. Vai daí, cando dá cum uma e sa vai assomar, arrepaira que tá fechada. Atã pranta-se a matinar: «Bolas! Que chatice! Porque será que não está aqui ninguém?» (*)

Nesse poucachinho, passa porli ò rés uma velhinha e ele, munte rapetezo, dá-lhe de vaia e précura-lhe:
- A senhora não sabe se o café abre hoje?" (**)
Ò ca melherzinha acode:
- Cude c'abra.

O home já anérvado de na dar cuma venda aberta, panha uma marafação inda maior, pinsando da velha ser torta e o mandar pó cu da cabra. Manêras c' abala chê da vaneno e a rasmorder da melher. Um padacinho despôs já a venda tava aberta, ma logue o home já ia munte desviado per essa altura, e na se chegou a fornecer...

Mostra que saber algravio inda vem a dar jêtes. Calhande este desgraçáde nã tinha ficade cas calças nas mãs, na é verdade? Punhão! Qu'é pa proixma na ser tã bruto!

(*) Im algravio: Pôrças! Má da volta! Má que jêtes na tará aqui famila?
(**) Im algravio: Amecêa na tem idéa sa venda abre oije?

quarta-feira, 5 de agosto de 2009

Fiquim amecêas sabende qu'ê ande no laré!

Boa nonte!

Vi-ma aqui dar de vaia, na vã amecêas fcarim pinsando qu'ê panhi praí a morrinha.
Parece ele ca famila anda agora i toda bruta, mode a gripe, que já na pode a gente prantar a tlefonia a trabalhar qu'e só notiças dessa bagaja. Im tode o tempe houve gripe e ê inda cá na vi trabalho destes. Punhão, ca até dá marafação! Im eles ingandim niste, já n'há quim nos dê quedos... Mostra que a plítca já dêta bedum, atã arranjarem esta entretanha. Intém nos jornás, na nos dexam da mão.

Ma dzia ê, s'ê na tenhe tide jêtes de ma vir cá assomar nã é per desaprecato nim tampouque per andar alvoreado ou cum a malandra. Dá-se o caso d'ê tar da regresso ò nosse Algarve per esta temprada e d'ê fazer tençãs de aprevitar o tempe cum o mê pessoal. Ando tamém a ver se arranjo manêra de prantar aqui no blogue uma rapertagem cum famila a tramelar im algravio, de cume era a vida noutres tempes. Dá-me simpre munta festa das partes ca velhama usa a cuntar de quande eram moçquenes, mode as blheretas qu'injarocavam i, per esses montes e povos. Vame lá a ver sê dou mê de ma amanhar co sarviço!

Bom, atã inté ca gente se veja (é uma manêra de dezer)!