Pranto aqui más uma tradeçã dum belo poeta pretuguês, o Êgéno d'Andrade.
Retrato im ala
Intre mê dos tês bêces
é que a brutidade acode,
desdéce ò garganhol,
devassa a água.
No tê pêto
É que o pólen do fogue
Se ajunta ò nacedio,
Alastra na àssombra.
Nas tuas curvas
É ca fonte dá im
Ri de abêlhas,
Rasmalhar de tígaro.
Da cintuira òs joêlhes
É ca arêa quêma,
O sol é amalhofado,
Cego o silênço.
Amalha-te más eu.
Alumia mês vidres.
Intre mê bêces más bêces
Toda a moda é mnha.
[Retrato ardente
Entre os teus lábios
é que a loucura acode,
desce à garganta,
invade a água.
No teu peito
é que o pólen do fogo
se junta à nascente,
alastra na sombra.
Nos teus flancos
é que a fonte começa
a ser rio de abelhas,
rumor de tigre.
Da cintura aos joelhos
é que a areia queima,
o sol é secreto,
cego o silêncio.
Deita-te comigo.
Ilumina meus vidros.
Entre lábios e lábios
toda a música é minha.
Eugénio de Andrade]
terça-feira, 6 de outubro de 2009
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