Ora cá vai más um blego do tiátaro do Sô Mairo, que se amecêas tã alimbrados, ê comeci a prantar aqui no princípo de Julhe, e inda nã no di acabado. Calhando tamém inda na é desta. Cudo que levará inda más uma pagela... Béque-me a famila na tem ligado munta importâinça a iste, ma nã comprendo mode quê, ca xtóirinha inté leva jêtes...
Ora atã, àdonde é ca gente ia?
Héldaro - Ò mnha mãe, a gente trazémos ali uns pêxes qu'ê vou bscar pa amecêa amanhar.
D. Jaquina - Ò home! Atã tinhas alguma míngua de vir cá cum pêxe atrás?
Héldaro - Ê pensê co mê pai tevesse a dstilar e assim aprevitava-se e assava-se no forno da caldêra.
D. Jaquina - Este ano quaj que nã houve madronhos. Nã choveu.
E os pouques qu'ele panhou tá tude mirrado.
Ti Flezberto - Ê tava pinsando im dstilar uma manchinha deles despôs do mi-dia. Desse jêto, pode-se acinder já a caldêra e assa-se logue os pêxes po almoço. Bem visto, sim senhor.
(fica só a D. Jaquina a amanhar os pêxes e o Ti Flezberto a tratar do forno mode cozer o pão. Logue co pão teja no forno, ele vai-se imbora tamém)
- Bom, o panito já tá quezendo, vô-ma pó alminzém acinder a caldêra.
(Cunforme ia a sair, dá de ventas cum o carro da filha, a chegar)
- Olha, a nossa Casemira vem chegando.
D. Jaquina - O Edegairo vêo tamém?
Ti Flezberto - Ê só lá vêjo o gaieto.
Ai moço marafado! Cum que irá ele empencer desta vez?
D. Jaquina - Da últema vez que cá teve, soltou os bácros todes.
Da outra jogou cum o pato pa drento da ceterna. Só visto!
(Antra a mãe más o filho, a garrear)
Casemira - Já ta disse que nã tenho!
Vai mas é dar um bêjo à tua avó más ò tê avô.
(Fala ò pai)
Sérjo - Põs tamém na dô. (e fica de melão)
Casemira - Dêxa tar qu'ê logue digue ò tê pai.
(Fala à mãe)
D. Jaquina - Tás boa, filha?
Casemira - Ê tô. E amecêa, nha mãe?
D. Jaquina - Olha, praqui vô, mailo tê pai. Cada vez más velhotes.
Atã e o tê Edegairo? Nã vêo?
Sérjo - O mê pai tá de sarviço. Só vem à noite.
D. Jaquina - Ah, atã é per isse que vens tã rabalão...
Casemira - Ele ficou de vir cá ter. Vem na bceclete a motor.
Atã e o mê irmão? Qu'é dele?
Já vi o carro ali fora.
Ti Flezberto - Foram praí ver a bcharada.
Casemira - De quim é o outro transporte que tá ali fora?
Um cum matrícla francesa?
Ti Flezberto - É da Cesaltina do Antóino da Carriça.
Sérjo - Atão o Mathieu tá cá?
D. Jaquina - Ah, já falas? Venha já dar um bêjinho à sua avó.
(O Sérjo vai falar òs avoses)
Ti Flezberto - Assim é que é. (Abraça-o)
Anda já más eu e vames assomar-se ali àdonde eles tão.
(e vão ter cum os outres)
Casemira - Já na sei que faça a este moço.
Chego inté a pinsar que nã é mê filho.
D. Jaquina - Ai mãe santíssema! Nã digas uma cousa dessas, filha. Nim de veras, nim brincando. Atã que jêtes o moçqueno nã nã ser teu?
(Antra a Mari Benta)
Mari Benta - Adês Casemira. Tás boa, moça? (Falam-se)
Casemira - Olá, tia. Cume é que vai essa saúde?
Mari Benta - Olha, praqui vou indo, come Dês quer.
Dêxa-me lá ver s'o panito já tará cozido.
(Começa a tirar o pão do forno, inquante vão antrando os que tavam lá fora e falam à Casemira)
E prantes! A ver se tenho jêtes de vir cá outre dia, prantar más um padacinho.
Agora, per uns tempes sou capaz de nã ter vagar de passar per cá. Ma cude que, d'oije a quinze dias, já ha-de pingar cá más quajquer cousinha!
Inté, pessoal! Saudinha!
sexta-feira, 11 de setembro de 2009
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Aspero ca amecêas nã se pareçam mal, mode ê ter tado uma remessa de tempe sim parecer per cá. É qu'ê tive per fora, estes dias, manêras que nã tive jêtes de aqui prantar más quajquer cousita...
ResponderEliminarMa nã ves dêxi da mã, que tã penas torni a casa, cá vai más uma pagela da xtóirinha!
Tô vendo qu'esta algraviada tá mêmo bem fêta, a meceia fala perfêtamente a nossa lingua. Parabêns por esta divulgacão da cultura algravia.
ResponderEliminar- Tomi a liberdade de seguir o sê blogue.
Não conhecia este blog algravio.
ResponderEliminarAchei interessante e valioso.
Um abraço desde Lagos
Viva o Algarve...
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