Oije alimbrê-me de prantar aqui uma pousia do Camons. Vou-ma ver se faço a feneza de dar corridos parte dos poetas pertegueses más gabades. Ê ande a tmar per conta pa na marafar a métrica más as rimas, mode na dixar as pousias de pantanas, senã perde a planta toda. Ah pôrça! Ma nim simpre é ò queres, manêras que levo inda bem munte tempe aqui a matinar e a azucrinar o tatuço. Trabalho cum dôs dcionáiros de algravio e más a limbrança qu'ê tenhe da nha fala de moçqueno, cos mês avozes m'insinarem. Ma nim même assim ê me amanho más dpressa, nim o raio...
Vá lá, tem à vonde cum impar, qu'ê cuido qu' amecêas querim é lêr pousia!
Ora, atã é assim:
Sete anes de moiral Jacob sarvia
Labão, pai de Raquel, sarrenha bela;
Ma nã sarvia ò pai, sarvia a ela,
E a ela só per cunvidade queria.
Os dias, co sintido num só dia,
Passava, cunsolande-se im vê-la;
Agora o pai, usande de cátela,
Im lugar de Raquel le dava Lia.
Im vende o dsmarride moiral que desse jêto
Cum inganifas le negarem a sua moirala,
Come se nã a tvera murcida,
Joga-se a sarvir más sete anes,
Dezende: más sarviria, nã fosse
Pra tã longue amor tã curta a vida!
[Im pretuguês
Sete anos de pastor Jacob servia
Labão, pai de Raquel, serrana bela;
Mas não servia ao pai, servia a ela,
E a ela só por prémio pretendia.
Os dias, na esperança de um só dia,
Passava, contentando-se com vê-la;
Porém o pai, usando de cautela,
Em lugar de Raquel lhe dava Lia.
Vendo o triste pastor que com enganos
Lhe fora assim negada a sua pastora,
Como se a não tivera merecida,
Começa de servir outros sete anos,
Dizendo: — Mais servira, se não fora
Para tão longo amor tão curta a vida!
- Luís Vaz de Camões]
segunda-feira, 27 de julho de 2009
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Meu querido colega Eurico, há coisas que só mesmo tu :)
ResponderEliminarAna