sexta-feira, 31 de julho de 2009

Tiátaro - Más uma pagela

Béque-me oije inda nã no dou tode dxpaxado. Calhando pa semana ou despôs tará cumpleto. Aspero que amêas tejam a achar planta.

Inda esta smana ê me incuntri cum o artista que s'alimbrou de fazer esta parte, más os moçquenos. Já nã no via há uma remessa de tempe. Nim tampouque notiças ê tenhe tide. Na dê pa tramelar munte, ma ò menes dê pa dar-lhe uma manzaca e matar soidades. Fique agora à xpera co sô Mairo nes venha vesitar aqui ò blogue e aprevêto pa le agrdecer esta obra que nes dixou. Mode nã ter recebide inda comentáiros da famila, a respêto do tiátaro, na faço idéa se isto tá a ter saída ou nã...
Ma vâ-me lá a ver más um blego!


(Inquanto a Mari Benta trata das galinhas, soa um transporte a chigar e a D. Jaquina vai-se assomar à porta. É o filho da D. Jaquina que chigou más a famila e ela antra a fugir mode alimpar as mãs e a boca e a cumpor-se.)

D. Jaquina - Ai! É o mê Héldaro, maila nha Ercila e a nha Piedade. Tamém vieram passar a nonte do nacemento más a gente?

(O Héldaro, a Ercila e a Piedade falam cum pronuinça de Vila Real de Sante Antóino)

Piedade - Avó Quina! (Antra im casa e foge po pé da avó)



D. Jaquina - Ai! A nha Piedade! Tás tã grande, moça! (e abraça-a)
Ai, que soidades qu'ê tinha!

Héldaro - Dá lecença mnha mãe?

D. Jaquina - Ó home! A casa tamém é tua.
Antrem pa dentro. (e falam-se)

(A Ercila antra más a Mari Benta)

Ercila - Ó tia. Tem que levar más sintido cum a sua saúde.

(Fala à sogra)

D. Jaquina - Ai moça. Tás jêtosa.
Cada vez mai nova.

Mari Benta - É senal co nosse Héldaro a trata bem. Na é vardade?

Ercila (dande-lhe festa) - Lá isso, nã tenhe razãs de quêxa.

Héldaro - Atã e o mê pai? Qu'é fête dele?

Piedade - Ádonde é tá o avê Flezbeto?

D. Jaquina - Olha, foi praí à pregunta do Antóino da Carriça.
Chigou aí a filha que tá na França, más o home e o moçqueno e abalaram pr'essa chapada a ver se davum cum ele.

Ercila - A Cesaltina tá cá? Gstava da ver.

D. Jaquina - Atã calha bem. Eles vêm passar a festa más a gente.

Héldaro - O Antóino da Carriça inda tá cá em casa?
Foi desta que se ajêtou cum a tia?

Mari Benta - Ó rái! Bate já nessa boca, home!
Quere lá saber do velho...

D. Jaquina - O desgraçado bem que lhe anda simpre a arrastastar a asa, mas ela só o inxevalha...

Ercila - Pôs era mêmo o ca tia precisava.

Mari Benta - Dês ma livre! O home nã tem jêto nim trambelho. Simpre cum aquele bafo pingunço. Tótes, inté me dá anisas!



D. Jaquina - Ai! Tã simpre gravitando. (arria-se)
Inda onte à nonte a mana tava amassando e lavajou-se cum farinha, pôs atã na é co dêcho do home mal chigou prantou-se de roda da melher im querende-lhe sacudir o assantadoiro? Formou-se aqui um inlêo que só visto.

Piedade - Ó avó, o que é o assentadoiro?

Ercila - Ó filha, é o cu.
Eles aqui dizem assentadoiro.

D. Jaquina - Atão e estã manhão pegarem-se antra vez.
Ele inté me mandou binzê-la do má fitio.
A mana alevantou-se cedo, mode vir tender...

(Cantinuam a tramelar e a rir, mas más báxo, e cmeça a soar uma modinha im fundo, que fica inté que apareça o Ti Flezberto más a famila de emigrantes e o Antóino da Carriça. Os que inda nã se tinham ancuntrado falam-se e ficam tamém a cunversar).

Piedade - Tu és o Mathieu, não és?

Mathieu - Oui. Sou.
Et tu? Non me lembrrro do teu nome.

Piedade - Eu sou a Piedade.

Mathieu - Piedade? Que nome esse?

Piedade - Eu tamém não gosto muito.
Já foste ver os bacorinhos?

Mathieu - Bacorrrinhos? Que é isso?



Piedade - Tamém não sabes nada.
São os porquinhos pequeninos.

Mathieu - Ah, crrrias de cochons.
Nunca vi. Anda-me lá mostrrrarrr.

Piedade - Avô Flizberto, vou mostrar os bacorinhos ao Mathieu.

Cesaltina - Ai, eu também quero ir ver!

Ercila - Contos é ca porca teve?

Ti Flezberto - Pariu douze, mas morrerem três.

Antóino da C. - Atão vams lá todes ver a bxarada.
Ande já tamém, cmade Benta.

Mari Benta - Oh home! Na m'atente a miolêra.
Vaia-se já e dêxe-se fcar pulá, que na pcilga é qu'amecêa tá bem.

(Cmeçam a sair)

D. Jaquina - Ai estes dôs.
Se calha algum dia a fcarém praqui sozinhes, esconfi que se xfolam um ò outre...

Ti Flezberto - Bom, ê vou-ma alimpar o forno, qu'e pa prantar o pã a quezer. (e vai tratar do forno)

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