Pra quim só agora deu notiça do Algravio, fiquim sabendo qu'esta é já a trecêra pagela duma xtóirinha de tiátaro qu'ê comeci a cuntar antredia. Na sou ê o artista, ê sou só o contador. Ela foi xcrita plo Sô Máiro. Mas pode ser que aqui ou ali ê ponha tamém um chêrinho. Qu'isto é sabido que quim conta uma parte, acresçanta-lhe da sua arte. Atão vams lá a más um blego!
(Antra o Ti Flezberto, já cum outra vestementa, que vem aprontar o forno mode cozer o pão, e sai a D. Jaquina)
Ti Flezberto - Atão, já tá melhor?
Mari Benta - Ai mano Flezberto. Pró que m'havera de dar...
Ti Flezberto - Ó mana, mas amecê presenciou mêmo esse balho?
Mari Benta - Cum estes dous olhes ca terra m'hade quemer. Inté me fui assomar pa dentro da plingana e tude, e vi. As felhoses pulavam da plingana pra fora e balhavam, balhavam...
Ti Flezberto - Ó mana, isse na terá sido im sonho?
Mari Benta - Ê si cá!
(Antra a D. Jaquina, já vestida, que vem tender)
D. Jaquina - Inda aí tá? Vaia-se lá dêtar. Daquem nada ta aí a famila toda e amecêa inda na se pôs boa.
(A dona Jaquina joga-se a tender e o Ti Flezberto vai acinder o forno mode cozer o pão. Inquanto vai tendendo a D. Jaquina canta uma modinha d'intigamente.
É intarrumpida pro Ti Flezberto, que já tem o forno a aquecer e le diz:)
Ti Flezberto - Dixi o barredoiro inquestado ó pial, toma per conta, na le incalhes.
Bom, vou-ma dar de quemer ós porcos.
D. Jaquina - Tá bem. O balde cum a água lexosa tá aí imbaxo da pia.
Pranta uma ametade naquela vasilha qu'é prós bacrinhes.
Ti Flezberto - Tá bem assim? (e amostra)
D. Jaquina - Tá. Na raçã da marranita nã mereça a pena prantar tanto farelo.
Ti Flezberto - Atã vê lá. (Vai prantando más farelos)
D. Jaquina - Tem ávonde! Isse nã é pra nenhum sovão!
(O Ti Flezberto sai más os baldes e a D. Jaquina cantinua a modinha inquanto vai tendendo)
(Condo acaba de tender arruma a ócharia e vai-se alavar. Neste tempe, antra o Ti Flezberto que assilha os baldes dádonde eles tavam. Logue despôs antra a filha do Antóino da Carriça más o home e o moçqueno dela, que acabam de chegar da França)
Ti Flezberto - Antrem. Venham pra casa.
Ó Jaquina! Olha só quim chegou!
D. Jaquina - Ai! A Cesaltina! (Falam-se)
Mas há contes anes ê na te via!
Tás jêtosa, moça!
Cesaltina - Oh! É a D. Jaquina?
Quaj que nim a conhecia. Ta cada vez más nova!
D. Jaquina - Atão esse aí é o tê home?
Cesaltina - Vá lá. É o mê marido e o mê filho. (falam-se támem)
D. Jaquina - Ai, com'ó tempe passa.
A últema vez que te vi foi num dia de mercado.
Era o tê gaiato pequenalho e agora tá um home fêto.
Francisco - Então e o meu sogro?
O que é feito dele?
Ti Flezberto - Tá guardando o gado na chapada pre trás do monte.
Ê vou lá dar-le de vaia.
Francisco - A gente vai consigo que é pra ver se esticamos as pernas.
Estamos fartos de estar sentados.
D. Jaquina - Atão fezeram boa viagem?
Cesaltina - Sim, fezémes.
Isto agora já se faz más depressa.
Entra-se logue lá na auto-rute e é munte más rápido.
Ti Flezberto - Bom, vame lá a ver se a gente dá cum o Antóino.
(O Ti Flezberto sai más o casal de emigrantes e o garoto, à pregunta do Antóino. Antretanto, a Mari Benta deu pla chegada de pessoal e antra na casa do fogo pra ver quim chegou. A D. Jaquina cantinua a aquemedar os tarecos.)
Mari Benta - Ê tava ditada e óvi cunversar.
Quim é que tava aqui más amecêa, mana?
D. Jaquina - Era a Cesaltina, que chigou da França, más o maride e o filhe.
Mari Benta - Atã e já abalaram? (e vai-se assomar ó pestigo)
D. Jaquina - Nã. Foram só ver se davam cum o Antóino.
E amecêa? Já vai tando melhorzita?
Mari Benta - Béque-me isto já vai passando.
Já tou um nadinha melhor.
Já soltarum as galinhas?
D. Jaquina - Inda nã às ouvi.
Calhando inda tã presas.
Mari Benta - Ê vou-ma ver.
Levo uma manchinha de sovada e ficum logue tratadas.
D. Jaquina - Veja lá, mana. Na se prante prái munte ó sol.
(A Mari Benta sai e passado um pouque soam as galinhas e a Mari Benta a chamar.)
Mari Benta - Piiiii pi pi pi piiita, piita pita pita pita!...
Per oije fcames por aqui. Na perquem a cantinação.
Inté, pessoal!
terça-feira, 21 de julho de 2009
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